sábado, 10 de setembro de 2011

Deus é muito do infinito

Pergunto-me constantemente sobre fé assim como questiono a origem de tudo. Confesso que é uma questão que, volta e meia, atordoa meus pensamentos mais filosóficos. Entrevisto pessoas de confiança, vasculho bibliotecas inteiras, investigo maças. Ato contínuo, ininterrupto. A busca de Deus.
Seria mais fácil se eu conseguisse aceitar as fatalidades do mundo como obras da natureza e os destinos previstos pelas cartomantes. O amor seria mágico como o arranjo das estrelas. A dor seria algo inevitável. Mas eu busquei o peso do mundo: as minhas escolhas.
Talvez o fardo de a humanidade carregar a responsabilidade de suas decisões e tomar as rédeas de sua vida pelo livre-arbítrio seja tão culposo que a fuga seja a saída mais valiosa que os séculos construíram, possuindo diversas denominações pela filosofia a fora.
Consciente do caminho sem volta, optei. Cheguei à idade da razão. Sinto-me pisando nas areias da maioridade, em que me afasto da imagem humanizada de Deus - caricatura de um pai protetor como quem dá a mão ou abraça, consolando, tornando o caminho menos árduo para uma criança frágil.
Nessas areias, observo todas as ondas do mar. De alguma forma, o azul daquelas águas me conectam, intuitivamente, com o divino. Alguma coisa saiu de órbita. Minha racionalidade, sem a humanidade de Deus, não o consegue explicar, mas o sente. Ele é tudo. Mas também é nada. Na ausência de todas as coisas o sinto tão fortemente quanto em meio à natureza mais fecunda. Deus é muito do infinito.

Rebecca Sanches
10/09/2011

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